Marcelo Odebrecht é um homem de bem. Pai carinhoso, marido atencioso e uma pessoa discreta, avessa à ostentação. Deu emprego a quase 200 mil pessoas, pagou bilhões de reais em impostos e levou um dos maiores grupos empresariais do país a uma era de ouro. Marcelo Odebrecht é um homem corrupto. Montou um sistema profissional de pagamento de propinas e caixa dois para uma legião de políticos de todos os espectros ideológicos e subverteu a cultura corporativa criada pelo seu avô, a TEO, uma espécie de teologia que prega a honestidade e a transparência. Todas as afirmações feitas no trecho acima são verdadeiras. A vida do presidente do grupo Odebrecht é um desfile de paradoxos. O empresário respeitável, condenado como líder de quadrilha. Amado pelos funcionários. Temido pelos políticos. Um Príncipe que se sentia como o bobo da corte da República.