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O Suicídio Metafórico

O Suicídio Metafórico

Sinopse

*Raul não tentou outra vez, porque os verdadeiros mestres tem como incumbência auxiliar seus semelhantes a lutar por uma mudança em suas ignóbeis vidas e jamais a si mesmos e no fatídico dia 21 de agosto de 1989, Raul Seixas foi encontrado morto sobre a cama , por volta das oito horas da manhã em seu apartamento em São Paulo, vítima de uma sincope cardíaca: vencido pelo alcoolismo, diabetes e pancreatite e por ter desistido de viver e de tentar, como carpinteiro do universo, mostra em vão, a direção do trem, já que o seu único egoísmo era querer ajudar a querer consertar aquilo que não pode ser. No dia 21 de agosto deu-se a profecia que o nosso maluco beleza houvera vaticinado contra ele próprio em 1974, quando cantou no LP Gita, na extensa letra de As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor: Alguns imbecis me chamaram de profeta do apocalipse...Mas eles só vão entender o que eu falei no esperado dia do eclipse... Neste exato dia 21 ocorreu um eclipse lunar. Em 1954, Getúlio Vargas, antes de se matar deixou uma "carta testamento" na qual se lê a frase famosa "Saio da vida para entrar na História". Pois bem, o suicídio do presidente da República que foi chamado de "Pai dos pobres" se deu no mês de agosto daquele ano. E foi também em agosto, há precisos 25 anos atrás, também num mês de agosto, que a música popular brasileira perdeu um de seus maiores gênios, Raul Seixas. Raul deixou a vida para entrar na história e na época de sua morte, o maluco beleza passava por dificuldades inúmeras, financeira, artistica, amorosa e profissional, praticamente esquecido pela mídia e pelas gravadoras, ele amargava e provava de seu próprio veneno por uma viela ou gueto sem precedentes, verdadeiro rei deposto. Içado do limbo pelas mãossamaritanas do amigo e comptente Marcelo Nova, retornara aos palcos, triunfante descobriu que ainda mantinha uma legião de admiradores por todo o Brasil, ávida por seus ensinamentos, e comprovara que um rei realmente jamais perde a majestade. No entanto, já cansado não ousou tentar outra vez, pois Raul não suportava mais o peso de Lobo Conselheiro, que jamais quis ser adorado e para não ter de presenciar e nem conviver triste e obrigado entre a burricada dos tempos atuais, negros e tenebrosos e acossado pela neandertalização, decidiu solitário em seu apartamento dar um final à sua vida e entregar-se à Dama de Cetim, pois Raul não suportaria viver entre nós hoje e nem queria envelhecer entre imbecis e abandonou-se à própria sorte, pois tudo o que ele tinha de fazer já tinha feito e engendrado e ensinado, nada mais dependia de sua lavra esotérica e sua partida ele mesmo já houvera preparado há muito tempo, o Suicídio metafórico, que é o ato de destruição intencional de um autointeresse , como o suicídio político. Portanto, pode-se afirmar que Raul Seixas, cansado de tudo e de dar murro em ponta de adaga, gradativamente, durante sua trajetória cometeu o suicídio metafórico, que muitos cometeram e cometem sem nenhuma consciência. A palavra suicídio vem de dois termos do latim, sui, que significa "próprio", e caedere, que significa "matar". Assim, o suicídio é o desejo e o ato de assassinar a si próprio. É um gesto de autodestruição e realização do desejo de dar fim à própria vida. O suicídio não constitui crime no Código Penal Brasileiro, a lei pune tão-somente aquele que fomenta o suicídio, ou seja, aquele que incentiva alguém a atentar contra a própria vida. Eu sou favorável ao suicídio e Raul também dividia a mesma opinião que sustento, porque acredito que cada um de nós somos os responsáveis por nossas vidas e se num dado momento não queremos mais continuar vivos, pressionados por quaisquer vicissitudes, temos todo direito de dar cabo de nossas vidas quando quisermos e sem que haja nenhuma intervenção da Justiça ou das Leis vigentes.